CADERNOS
do GREI
Aborda-se neste texto a pretensa dicotomia entre supervisão e aconselhamento, perspetivando-a a partir do “sistema de desenvolvimento do professor”, modelo alternativo ao atual quadro formativo. Em paralelo, sublinha-se a importância da contextualização desta problemática no âmbito da esfera político-económica, fator assumido como determinante na contemporânea crise da educação.
(…) Tal julgamento antes vai no sentido de se reclamar o nome de educação para aquela formação que, desde os tempos da infância, enforma o indivíduo na prática da virtude (…).
É precisamente esta formação que o meu modo de pensar tentaria sublinhar, apenas para ela devendo ser (…) reservado o nome de educação (…).
Platão in Leis (entre 360 a.C. e 353 a.C.)
Contributo para uma perspetiva contextualizada do desenvolvimento do professor.
O objetivo deste caderno é abordar sucintamente a problemática subjacente ao título escolhido. A fim de contribuir para a sua discussão, apresenta-se para esse efeito um conjunto de reflexões a propósito de alguns aspetos considerados relevantes para compreender a proposta apresentada, isto é, um modelo alternativo ao atual processo formativo dos professores.
A abordagem delineada, decorrente duma perspetiva crítica e epistemologicamente fundamentada, remete para a distinção entre educação e formação. Por esse motivo, é necessário clarificar o difuso e imbrincado campo semântico de onde emergem ambos os conceitos – e as práticas que lhe estão relacionadas -, o que, não sendo tarefa fácil, é notoriamente relevante e exige confrontar ou reerguer velhas antinomias como a de psicologia versus educação ou a de psicologia versus formação, para não falar da mais difícil de equacionar: educação versus formação.
Esta delimitação de fronteiras entre os campos educativo e formativo mergulha as suas raízes em posicionamentos implícitos, muitas vezes de natureza ideológica, cujas origens residem em numerosos equívocos e em opções de pertinência duvidosa. Tais noções surgem, na literatura sobre esta matéria quase sempre associadas a uma amálgama indistinta de objetivos e estratégias que decorrem duma necessidade pragmática de resolução de problemas e, consequentemente, excluem qualquer enquadramento teórico como se este se tratasse de um vírus a combater.