Filosofia para Crianças

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Cadernos do GREI nº09

CADERNOS

do GREI

Através de uma breve exposição, pretende-se salientar a importância do programa de “Filosofia para crianças”, criado em 1969 por Matthew Lipman – e colocado desde então em prática em diversos países -, mostrando como é que essa experiência pode contribuir para ativar o desenvolvimento psicológico das crianças, desde a idade pré-escolar.

Há crianças (…) que querem saber (…) porque é que nos lembramos do passado e não do futuro (…); e porque é que há um universo.
Ainda é habitual (…) os pais e os professores responderem [a estas] questões com um encolher de ombros (…).
Mas grande parte da filosofia e da ciência tem evoluído através de tais demandas.
Carl Sagan in Introdução a Uma breve história do tempo de Stephen Hawking (1987)

Contributo para a ativação do desenvolvimento do psicológico.

A filosofia envolve a capacidade de questionar os factos com que nos deparamos, mesmo os acontecimentos mais simples da vida. Começa com a dúvida e prossegue até clarificar as questões sobre as quais nos interrogamos. Nesse sentido, desde uma idade precoce, cada sujeito recorre a um conjunto de processos psicológicos que possibilitam a sua indagação sobre as experiências relativas às partes do universo a que acede a sua capacidade de pensar. Tais estratégias cognitivas pressupõem nomeadamente formular e debater ideias, levantar hipóteses,
ponderar, especular e refletir sobre enunciados verbais, mediante o envolvimento em atividades que podem implicar pessoas, lugares ou acontecimentos – sejam eles reais ou imaginários -, com base em dados ou em informações incompletas, de maneira a permitir às crianças aceder ao pensamento abstrato, libertando-se dos condicionalismos estritos
das circunstâncias.

O primeiro passo para a filosofia é a inquietação que conduz ao questionamento e à reflexão, a qual nos leva a recuar, distanciando-nos das circunstâncias imediatas ou banais, a fim de procurarmos os seus alicerces e os seus efeitos. Parecer-nos-ia que esta procura de saber e a reconstituição dos seus passos teriam na escola um lugar privilegiado para que a criança, naturalmente curiosa e inquisitiva, desse largas a esta sua busca de conhecimento. Todavia, isto não é assim e parece até suceder o contrário, sendo por isso bastante urgente encontrar modos
que contribuam para estimular o pensamento livre e crítico em vez de o condicionar, o que, infelizmente, tantas vezes acontece no decurso da intervenção educativa.

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Helena Sousa

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