Envelhecimento e Resiliência

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Cadernos do GREI nº24

CADERNOS

do GREI

Nas últimas décadas o envelhecimento populacional a nível mundial, aliado ao aumento da prevalência de doenças relacionadas com a idade tem despertado grande interesse pelas suas consequências multidimensionais. Não obstante as adversidades e perdas que se colocam ao idoso, é fundamental que esta etapa seja vivida com maior qualidade e resiliência, constituindo-se como um dos grandes desafios do século XXI.

(…) tenho a velhice diante de mim e tenho medo de tê-la deixado para trás.
O mundo que corresponde aos meus anos e ao meu corpo é muito diferente, porque a velhice é o mundo da verdade cansada, embora não da idade esmagada; (…) não sinto o peso da idade no espírito, embora o sinta no corpo.(…) mas o espírito está vigoroso e (…) afirma sem pejo que esta idade é a flor dos seus anos.
Séneca, Elogio da Velhice , in Cartas a Lucílio (63-64 d.C.)

Perspetivas para a reabilitação do idoso.

Em Portugal, acompanhando as tendências internacionais, temos vindo a verificar um crescente aumento do número de pessoas com mais de 65 anos de idade (19,2%). Atualmente, verifica-se que esta faixa etária ultrapassa largamente o número de jovens (14,9%), sendo que a esperança de vida média é de 80 anos, nomeadamente 76,9 anos para os homens e 82,8 anos para as mulheres (PORDATA, 2014).

Embora este envelhecimento tenha ocorrido mais tardiamente do que nos países da Europa central e do norte, tem vindo a manifestar-se de modo “mais vigoroso, devido sobretudo ao impacto das características do processo emigratório” (Rodrigues & Dias, 2012, p. 181) e também à baixa natalidade nas últimas décadas.

Historicamente a velhice foi considerada como uma doença natural que causava decadência física e mental, discurso esse que progressivamente tem vindo a ser alterado, mas que continua ainda muito enraizado na sociedade e presente em diversos preconceitos como o ageísmo e em estereótipos, muitos deles negativos. O estudo científico do envelhecimento humano possibilitou uma alteração desta visão tradicional que enfatizava este período do ciclo de vida, estreitamente relacionado com o modelo de défice, descrevendo o idoso como incapaz e centrando-se nas consequências negativas do envelhecimento (Fonseca, 2012).

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